Os Templários - part 1

Templários: a criação da Ordem
Por Pedro Silva - (autor de diversas obras e um especialista no estudo da Ordem Templária)

Ao longo de todos estes anos de investigação, tenho denotado, da parte de uma imensa maioria, um forte interesse pela temática destes cavaleiros de longas vestes brancas. São, afinal de contas, a representação mais fiel da Cavalaria (nobreza, peritos em combate, indomáveis) da Idade Média. A verdade é que se tornaram, com a passagem dos séculos, motivo de teorias contraditórias e de muita especulação.

Através dos meus livros sobre o tema, em Portugal e Brasil, tenho procurado desmistificar algumas ilusões criadas para "vender livros". Um investigador não pode, de forma alguma, enveredar pelo caminho do ilusionismo. Não é para isso que existe a nossa profissão. Temos de nos basear estritamente no que é comprovado. Quanto muito, podemos levantar possibilidades, através de documentos ou monumentos. Subsiste, até hoje, a dúvida sobre a data correcta de implantação da Ordem dos Pobres Cavaleiros do Templo de Salomão (nome oficial).

Temple Church - Londres - Preceptoria TempláriaPreceptoria da Ordem do Templo - Rothley Church - LeicestershireOrdem Templária - Rua do Templo - Paris

Porém, somos tentados a acreditar em 1118 como a mais fiel e a que se baseia em mais factos concretos. O local é Jerusalém (no Médio Oriente), a cidade-santa para três religiões monoteístas: cristãos, judeus e muçulmanos. A sua missão (oficial) era a de proteger a rota de transporte dos peregrinos, visto que, à época, Jerusalém era um local de peregrinação constante, plena de fluxos humanos vindos da Europa.

Era, por assim dizer, a viagem de uma vida! Havia quem vendesse todos os bens terrenos para poder deslocar-se até Jerusalém, procurando, pelo menos, tocar no que restava do célebre Templo, mandado construir pelo rei sábio Salomão, ou, até, pela possibilidade de caminhar pelo mesmo solo onde Jesus Cristo passara os seus dias.

Porém, há muitos autores actuais (e, quando nos referimos a actualidade fazemo-lo tendo em mente finais do século XIX até ao presente momento) que consideram que os Templários (nome pelo qual se tornam mais conhecidos) tinham, em mentes, outros projectos ao serem criados.

Bernardo de Claraval

Ou seja, segundo estes, os nove cavaleiros iniciais (onde se destavaca Hugo de Payns, o primeiro Mestre) teriam como fito principal encontrar, nos escombros do Templo de Salomão, a célebre Arca da Aliança (na qual estariam tesouros que, a ser descobertos, tornariam os seus detentores donos de um conhecimento de tal maneira transcendental que os levaria, facilmente, a governar o mundo).

Não podemos, naturalmente, confirmar tais teorias. Mas que nos parecem, de certo modo, apelativas, isso não podemos ignorar.

A verdade é que o fundamental em tudo isto, é que nove cavaleiros se juntaram, com o beneplácito da Igreja Cristã da cidade-santa, e apadrinhados por S. Bernardo de Claraval (o futuro mentor da Regra Templária), criando algo que, na altura, nem sequer sonhariam com a dimensão que viria a ter.


 

Os Templários - part 2

Cavaleiros Templários
Os Pobres Soldados de Jesus Cristo e do Templo de Salomão

Por Lázaro Curvêlo Chaves.’.M.’.M.’. - GLUSA

"Introdução: conceitos sociológicos indispensáveis"

Dialética

Tudo é transformação, movimento. Heráclito de Éfeso, em seu aforismo de número 91 informa: “Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio.” – as águas passam e a própria pessoa se transforma. Hoje, por exemplo, sabemos que todas as células do nosso corpo são substituídas a cada 11 meses. Há permanência e transformação. Somos nós mesmos e um outro em processo de devenir perpétuo, em permanente transformação.

Eu escrevo um diário desde os meus 11 anos de idade. Tenho mais de 40 cadernos com idéias, impressões, alegrias e frustrações registradas pela vida afora. É impressionante reler particularmente os mais antigos e perceber o quanto me transformei, mudei de planos e idéias.

Tenho também um álbum de fotos. Até os 18 anos tinha um corpo atlético e vasta cabeleira loira. Aos 47 estou calvo e fora de forma, muitos quilos acima do peso.

Estes exemplos não são fortuitos. Estou seguro de que todas as pessoas têm vivências similares. O mais importante é não perder de vista que somos sempre nós mesmos e um outro em transformação. Há o que permanece e o que se transforma ao longo de nossas vidas.

Não há lugar para conceitos absolutos e definitivos. Assim como nossa forma física, nossas idéias a respeito das coisas se transformam à medida que nosso conhecimento se amplia.

A Igreja Católica Romana, durante a Idade Média, não admitia qualquer conhecimento que estivesse fora do que preconizavam os doutores da Lei. Se algo não estava escrito, por exemplo, na Obra de Aristóteles, simplesmente não era considerado verdade e quem argüisse a respeito corria o risco de sofrer os suplícios da Santa Inquisição.

A Terra era considerada achatada e havia a crença de que era carregada por gigantescas tartarugas. O “fim do mundo” estava além do Oceano ou “Mar Tenebroso”, como se referiam ao Atlântico naqueles tempos. Acreditava-se que as águas ferviam pela altura da linha do Equador e que havia sereias belíssimas que tinham particular predileção gastronômica pelos testículos dos marinheiros. Eram tempos de medo.

Não se conhecia o Novo Mundo (América) ou mesmo a Austrália. Os mapas medievais faziam referências superficiais a locais existentes a partir de relatos de viajantes.

O que outrora custou a vida de centenas de cientistas, alquimistas, rosacruzes e filósofos que discordavam racionalmente dos pontos de vista dogmáticos da Igreja é hoje aceito com naturalidade e comprovado por fotos de satélite.

O mundo não mudou, ou seja, não era achatado e ficou redondo (ou, mais precisamente em formato de uma pêra) de um momento para o outro. O avanço da ciência e a modificação da percepção humana, hoje com fotos tiradas de satélites e mesmo da Lua, é que se transformou.

Devemos sempre ser cautelosos com aqueles que propagam “verdades absolutas”, úteis em determinado tempo histórico e um povo específico, contudo frequentemente distanciadas da realidade absoluta dos fatos.

Etnocentrismo

Todos os povos do mundo, dos bosquímanos africanos aos esquimós do Pólo Norte, passando pelos papuas da Nova Guiné, aborígines americanos e europeus, se consideram superiores a todos os outros povos. Esta é uma idéia universalmente difundida e, uma vez que o avanço tecnológico, particularmente no que tange ao poderio bélico ultrapassa o avanço humanístico, os vencedores são sempre aqueles que, dotados de maior capacidade de destruição, tornam-se os donos da verdade histórica.

A sociologia define “etnocentrismo” classicamente como “considerar a própria cultura ou civilização superior a todas as demais ou mesmo a única válida”.

Isto tem sido motivo das mais diversas formas de intolerância ao longo da história humana.

Já os gregos se referiam a todos os que não dominavam seu idioma ou cultuavam seus deuses e costumes como “bárbaros”. Ao longo da história humana encontram-se formas diversas de discriminação. Aqui nos interessa de perto a incapacidade de tolerar a fé ou religião do outro ou mesmo aceita-la como válida. Fundamentalistas religiosos – sejam cristãos, muçulmanos, judeus ou de qualquer fé – via de regra vêem-se como “donos da verdade” ou, no limite, “professores de Deus” e buscam lançar a fé alheia na rubrica da feitiçaria ou da heresia...

O Grande Cisma Cristão

O ano de 1054 foi marcado pelo primeiro Grande Cisma da cristandade. O Bispo de Roma, Humberto, autoproclama-se papa, não é reconhecido pelo Patriarca (Bispo) de Constantinopla, Miguel Celulário, ambos se excomungam mutuamente e agora há duas Igrejas Católicas. A Católica Apostólica Romana, sob a liderança do Bispo de Roma (o Papa) e a Católica Apostólica Ortodoxa ou Grega, sob a liderança de um conselho de Patriarcas.

Enquanto a Europa segue o caminho ditado por Roma, o Império Bizantino (continuação do Império Romano no Oriente, que durará até o ano de 1453, quando os canhões de Maomé III derrubam as fortificadíssimas muralhas de Constantinopla) segue a orientação dos Patriarcas Ortodoxos.

Durante as Cruzadas, contudo, católicos romanos e ortodoxos tendem a uma aliança, ainda que tênue, contra o adversário muçulmano.

O Islã

"Em nome de Deus, Clemente, Misericordioso..."

O islamismo, religião que mais cresce no mundo contemporâneo, nasceu na Península Arábica principalmente a partir da reflexão de Maomé em torno da multiplicidade de deuses existentes nas tribos da própria península assim como das religiões petrificadas, anquilosadas e presas no formalismo ritualístico, sem a vivificação espiritual desejada e desejável, como o cristianismo ortodoxo grego, o cristianismo romano e o judaísmo.

Nos 13 séculos que se passaram de sua gênese, a religião congrega hoje mais de 800 milhões de adeptos, “unidos pelo sentimento profundo de pertencerem a uma só comunidade”.

E essa expansão, que continua, é devida principalmente a um espírito de universalidade que transcende qualquer distinção de raça e permite a cada povo se integrar no Islã mas, ao mesmo tempo, conservar sua cultura própria.” (O Correio da Unesco, 1981).

O Berço

A Península Arábica está localizada no Oriente Médio, limitada entre o Mar Vermelho a oeste, o Oceano Índico ao sul e o Golfo Pérsico a leste, ligada ao continente pelo deserto, que cobre a maior parte da Península. Não existem rios permanentes e o clima é extremamente seco, apresentando oscilações térmicas de áreas e variações de temperatura. Ao centro e a leste encontram-se numerosos oásis, que têm origem na umidade do subsolo, originando poços de água em torno dos quais crescia uma exuberante vegetação tornando possível a vida na região.

A Arábia pré-islâmica

BeduínosPor diversas vezes os romanos estiveram às portas da Península Arábica, porém questionaram as vantagens de conquistar uma região tão inóspita e agreste, passando a figurar nos mapas de Roma apenas como a desconhecida província arábica.

As populações que habitavam a região central e setentrional eram de origem semita e encontravam-se divididas em numerosas tribos ou grupos.

Os árabes do deserto, conhecidos por beduínos, eram nômades, de características bem diversas dos árabes do sul. Falavam árabe, idioma que acabou se impondo em toda a região.

A difícil sobrevivência levou-os ao cultivo de uma escassa agricultura de tâmaras e trigo, praticada nos oásis, à criação de rebanhos, às incursões e ao comércio de caravanas que souberam incrementar por toda a península.

Os oásis e as cidades serviam-lhes de escala e de entrepostos de mercadorias, utilizando-se das razias para a conquista das melhores regiões.

Segundo alguns geógrafos e historiadores, a Arábia desértica do norte, “machucada por um sol abrasador”, contrastava com o sudoeste, região que se chamou de "Arábia Feliz" (Yemmen), destacando-se a cidade de Aden, entreposto de grande importância comercial nas relações com o Oriente.

A costa marítima era ocupada pelas tribos sedentarizadas que habitavam Meca e Yatreb (mais tarde “Medina”), as duas principais cidades, vivendo como comerciantes ou pequenos artífices, e exportando para o Ocidente o café, o incenso, as tâmaras e os perfumes.

Afora o crescimento desse comércio internacional, também existiam relações mercantis com os árabes do deserto.

Nem os beduínos nem os árabes urbanos possuíam um governo centralizado, prevalecia a organização tribal, não eram raros os conflitos entre as tribos.

KaabaApesar das diferenças culturais, contudo, todos os árabes eram da mesma raça e diziam­se descendentes de Abraão; a religião mostrava uma nítida influência do judaísmo, não apenas por sua proximidade com o "patriarca". Durante esse período, acreditavam em um deus supremo, Alá, porém não deixavam de adorar uma infinidade de deuses inferiores, os djins, e, através de imagens ou totens, continuavam a cultivar o politeísmo de seus ancestrais.

Cada tribo possuía seus próprios ídolos. Apesar de terem um santuário tribal, existia um comum a todos, que se encontrava em Meca, na Kaaba, onde estava depositada a Pedra Negra que, desde tempos imemoriais, se acredita ter sido trazida do céu pelo Arcanjo Gabriel, e todos os ídolos tribais.

Desde a época de Maomé os fiéis sempre rezaram ao redor da Kaaba, em Meca, capital do islamismo.

A importância de Meca não parava de crescer. Para lá fluíam as mais diversas tribos em busca da adoração da Pedra Negra e de seus deuses. Cada tribo trazia de seus lugares remotos produtos típicos que comercializavam a partir das sagradas orações, realizadas por meio de um ritual; porém, todas as transações comerciais eram controladas pela tribo dos coraixitas, uma quase aristocracia árabe.

Maomé e a epopéia de sua Fé

MecaMeca não dispunha de uma organização ou instituições políticas, nem possuía um forte sentimento nacional. O principal personagem da mudança cultural, política e religiosa foi inquestionavelmente Maomé. Pertencente à família dos haxemitas, ramo pobre da poderosa tribo dos coraixitas; seu nascimento é estimado como ocorrido em torno do ano 570.

Muito cedo Maomé ficou órfão, passando a viver no deserto sob os cuidados de seu avô, onde aprendeu a conhecer a difícil vida dos beduínos e suas necessidades materiais e espirituais.

Ainda jovem, retornou a Meca, tornando-se um excelente guia de caravanas, mantendo contatos com povos monoteístas, principalmente judeus e cristãos, de quem sofreu profundas influências religiosas.

Aos 25 anos, Maomé casou-se com uma viúva rica, proprietária de camelos, chamada Khadidja.

O casamento deu-lhe profunda estabilidade material, porém, como todos os profetas, sua vida está envolta em muitas lendas. Acredita-se que foi a partir daí que começou a formular os princípios de uma nova doutrina religiosa, iniciando um período de meditações e jejuns.

Constantemente isolava-se no deserto buscando seguir os ensinamentos de Jesus Cristo, a quem considerava um dos últimos profetas.

Foi durante suas andanças pelo deserto, durante tempos solitário numa caverna, que afirmou ter tido a visão do Arcanjo Gabriel, que o incumbira de ser o profeta de Alá. Maomé tinha 40 anos de idade e era dotado de enorme emotividade. Durante suas visões encontrava-se sempre em transe. Dedicou-se à pregação junto aos seus familiares, não se contentando com a vida economicamente tranqüila de que ora dispunha.

Após três anos, seguido por um pequeno grupo de fiéis convertidos à nova fé, Maomé começou a falar para os coraixitas em frente à Kaaba, pregando a destruição dos ídolos e afirmando a existência de um único Deus. As mudanças religiosas propostas pelo profeta acabaram por entrar em choque com os líderes coraixitas, pois a implantação do monoteísmo significaria a diminuição da peregrinação de fiéis a Meca, uma vez que Alá, não tendo forma física, estaria em toda parte.

MoisésSentindo o perigo daquela subversão de idéias em torno do monoteísmo, temendo o esvaziamento de Meca como centro comercial de toda a Península Arábica, os coraixitas tentaram matá-lo. Alertado por alguns seguidores, Maomé fugiu de Meca para Yatreb, em 622, ficando este ato conhecido como Hégira, marco inicial do calendário muçulmano.

Apesar de ter sido bem recebido por vários de seus seguidores em Yatreb, encontrou forte oposição dos judeus da cidade, que resistiram às tentativas de conversão, e foram assassinados em massa. Nesse momento, Maomé implantou um governo teocrático, transformando a cidade em sua base e mudando seu nome para Medina, a cidade do profeta.

Percebendo ser inútil a tentativa de conversão pacífica, Maomé optou pela Guerra Santa. Meca foi sitiada e obrigada a aceitar a volta do Profeta que, graças ao apoio dos beduínos, já convertidos, destruiu os ídolos da Kaaba, mantendo apenas um único elo de ligação entre as tribos: a Pedra Negra.

No ano 630, o Estado Árabe estava praticamente formado, unido em torno da bandeira do islamismo e de seu único chefe, Maomé, que assumia não apenas o poder político como também o religioso, iniciando-se, assim, um governo teocrático.

Acredita-se que o Profeta tenha subido aos céus numa nuvem a partir da Cúpula do Rochedo, em Jerusalém, no ano 632 d.C. No ocidente são comuns as referências à “morte de Maomé em 632 d.C. acometido de um mal súbito”, de todo o modo, a comunidade islâmica ficou mergulhada em grave crise.

Todos os atos, editos e decisões estratégicas foram tomadas unicamente por Maomé, não havia orientação clara relativa a sucessão em sua ausência. Um Estado Teocrático, na falta do líder, sem um indicativo claro de forma sucessória, eis a raiz da crise.

Jerusalém: Lugar Sagrado de três grandes Fés

A Cúpula do Rochedo Cidade Santa para as 3 principais religiões monoteístas do mundo: judaísmo, cristianismo e islamismo. Todas acreditam – de forma ligeiramente diferente, embora – no mesmo Deus que falou com Abraão, com Moisés, com Isaías e outros profetas, todos referidos no Alcorão como “o povo do Livro”.

Para os judeus é a Terra Prometida, o local em que pela primeira vez um Templo – o Templo de Salomão – foi construído diretamente por inspiração divina. Era como se o Grande Arquiteto pessoalmente ditasse cada detalhe da construção de seu Templo...

Para os cristãos é a Terra Santa em que Jesus de Nazaré pregou, peregrinou, foi supliciado na Cruz, ressuscitou e trouxe o Batismo com o Espírito Santo.

Para os muçulmanos, embora haja quase consenso sobre o falecimento do Profeta e seu sepultamento em Meca, Jerusalém é a Terra em que também Maomé pregou e em que se construiria, no exato local onde outrora ficava o Templo de Salomão, a mesquita de Al-Aqsa e, a partir da Cúpula do Rochedo, a fé popular acredita que Maomé subiu aos céus!

Saladino - (em árabe, Salah al-Din Yusuf bin Aiub)

SaladinoEm 1174 morreu Amauri, rei de Jerusalém e Nur ed-Din, líder dos muçulmanos que tinha como seu lugar-tenente e homem de confiança um muçulmano Xiita nascido em Tikrit, Mesopotâmia, atual Iraque.

Extremamente culto, religioso, habilidoso com as armas e cavalheiresco tornou-se famoso por seus feitos ao longo da história: Salah ed-Din Yousuf ibn-Ayyoun, conhecido como Saladino.

Em pouco tempo sua argúcia, seu legendário cavalheirismo, seu fervor religioso e suas inquestionáveis habilidades bélicas fizeram dele Sultão inconteste dos Muçulmanos de toda a vasta região que vai do Egito à Pérsia, liderando um exército de mais de 500 mil homens em armas.

Relatos acerca de seu cavalheirismo, de sua honra, de sua Fé e religiosidade, assim como da urbanidade com que tratava seus adversários chegaram rapidamente à Europa granjeando-lhe grande respeito. Todos percebiam estar diante de um temível adversário: um estadista excepcionalmente arguto e um comandante militar excepcionalmente competente.

Capaz a um só tempo de unir todos os muçulmanos e vencer as batalhas mais difíceis e complexas, foi seguramente o mais valoroso líder muçulmano desde Maomé.

Os Preceitos da Religião Muçulmana

O Cinco Pilares do Islã, segundo Roger Garaudy na Obra “Promessas do Islã”, publicada no Brasil pela Nova Fronteira em 1988, podem ser assim resumidos:

1. Profissão de Fé: “Existe um único Deus e Maomé é seu profeta”. Nenhuma outra divindade se não Deus: Maomé, seu mensageiro. O universo inteiro ganha assim um sentido, o absoluto revelando-se no relativo sob a forma de "sinais", de símbolos. A natureza e os homens, do mesmo modo que a palavra do Alcorão, eram uma aparição, uma manifestação de Deus. "Não há nada que não cante seus louvores, mas vocês não compreendem seu canto" (XVII, 44).

2. Oração: a prece é a participação consciente do homem no canto de louvor que liga todas as criaturas ao seu criador. "Volte a si mesmo para encontrar toda a existência resumida em você.”

A prece integra o homem de fé a essa adoração universal: realizando-a, com o rosto voltado para Meca, todos os muçulmanos do mundo e todas as mesquitas cujo nicho do mirhab designa a direção da Kaaba são assim integrados, por círculos concêntricos, a essa vasta gravitação dos corações rumo ao seu centro.

A ablução ritual, antes da prece, simboliza o retorno no homem à pureza primitiva pela qual, rejeitando a si mesmo tudo o que pode macular a imagem de Deus, ele se torna seu perfeito espelho.

3. Jejum durante o mês sagrado do Ramadã: O jejum, interrupção voluntária do ritmo vital, afirmação da liberdade do homem em relação ao seu “eu” e aos seus desejos, e ao mesmo tempo lembrança da presença em nós mesmos daquele que tem fome, como de um outro eu mesmo que devo contribuir para tirar da miséria e da morte.

4. Zakat: Não é esmola, mas uma espécie de justiça interior institucionalizada, obrigatória, que torna efetiva a solidariedade dos homens da fé, isto é, daqueles que sabem vencer em si mesmos o egoísmo e a avareza. O zakat é a lembrança permanente de que toda riqueza, como tudo, pertence a Deus, e que o indivíduo não pode dispor dela à vontade, que cada homem é membro de uma comunidade.

5. A peregrinação a Meca, enfim, não apenas concretiza a realidade mundial da comunidade muçulmana, mas, dentro de cada peregrino, vivifica a viagem interior em direção ao centro de si mesmo.

O tema central do Islã, em todas as suas manifestações, é esse duplo movimento de fluxo do homem em direção a Deus e de refluxo de Deus em direção ao homem, sístole e diástole do coração muçulmano: “Na verdade, somos de Deus e a Ele retornamos” (II, 156)

AlcorãoTodos os preceitos que devem ser seguidos encontram-se reunidos no Alcorão (a grafia “Corão” também é considerada correta), livro sagrado escrito a partir das sínteses dos ensinamentos de Maomé.

Trata-se de um livro com conotações nitidamente político-­religiosas, assumindo o caráter de uma verdadeira constituição para o povo islâmico.

Os feitos de Maomé foram reunidos por seus familiares em um livro denominado Suna, no qual se encontram as bases da tradição, formuladas a partir dos exemplos dados por Maomé durante sua vida.

Destaca-se, entre os preceitos básicos da Suna, a Djihad.

Por vezes mal compreendida, a Djihad ou Jihad, pode ser traduzida realmente como “Guerra Santa”.

Segundo ainda Roger Garaudy, filósofo franco-argelino convertido ao islamismo, há duas grandes formas de se fazer a Guerra Santa preconizada pelo Profeta. Há a “Grande Jihad” ou luta contra o ego e a “Pequena Jihad” que é a busca de persuasão do infiel aos caminhos do Profeta.

Seguindo ainda aquele autor, “idolatria é adorar como se fosse Deus algo que não é Deus”. Neste sentido, a egolatria é uma das formas mais condenáveis de idolatria e a Grande Jihad volta-se a dar combate a esta forma de idolatria. A “Pequena Jihad” busca, principalmente pela persuasão, mas à força se necessário, proteger o Islã e trazer novos crentes para o Islã.

A partir da existência de dois livros sagrados, o mundo muçulmano dividiu-se em dois grandes grupos: os xiitas, seguidores exclusivamente do Alcorão, que negam qualquer outra fonte de ensinamento; e os sunitas, que adotam como fonte de ensinamento, além do Alcorão, a Suna, coletânea de relatos acerca das práticas adotadas por Maomé e seus seguidores.

Breve cronologia:

570: nascimento de Maomé.

610: Maomé tem a primeira visão do arcanjo Gabriel.

622: Hégira - início do calendário muçulmano.

630: Maomé destrói os ídolos da Kaaba; nascimento do Islã.

632: Ascenção de Maomé aos céus a partir da Cúpula do Rochedo, em Jerusalém ou, segundo informes da historiografia ocidental, “morte de Maomé em Medina”.

Ordem dos Templários

A Ordem dos Templários nasceu em 1118, na cidade de Jerusalém, por iniciativa Hugh de Payens (Hugues de Payen) mais oito cavaleiros, todos de origem francesa. A Ordem dos Templários, cujo nome completo era Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, tornou-se, nos séculos seguintes, uma instituição de enorme poder político, militar e econômico.

A sua divisa era: Non nobis, Domine, non nobis, sed nomini Tuo da gloriam, o que significa “Não a nós, Senhor, não a nós, dai a glória ao Vosso nome”.

Inicialmente as suas funções limitavam-se aos territórios cristãos conquistados na Terra Santa durante o movimento das Cruzadas, e visavam à proteção dos peregrinos que se deslocavam aos locais sagrados.

Nas décadas seguintes, a Ordem se beneficiou de inúmeras doações de terra na Europa que lhe permitiram estabelecer uma rede de influências em todo o continente, o que mais tarde seria motivo para sua perdição...

Comprometeram-se a uma causa monástica e militar. Embora muitos Cavaleiros, naqueles tempos, lutassem por dinheiro, terra ou poder, os Templários faziam votos de pobreza e de castidade. Sua missão era principalmente a de proteger os peregrinos a caminho da Terra-Santa.

O Rei Balduíno II cedeu-lhes como abrigo o estábulo ao lado da mesquita de Al-Aqsa como quartel general. Este local supõe-se que era o exato local do Templo do Rei Salomão.

Os cavaleiros tomaram o estilo de vida das ordens monásticas fundadas no tríplice preceito: voto de pobreza, voto de castidade e voto de Obediência.

E se auto-intitularam: Os Pobres cavaleiros de Cristo. Adotaram como símbolo dois cavaleiros em um só cavalo para mostrar sua pobreza – pois não tinham dinheiro para comprar um cavalo – e também seu companheirismo.

Também adotaram o nome do local onde se estabeleceram ficando então nomeada a ordem como: Pauperes Commilitones Christi Templique Salomonis (Os pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão) mas ficaram conhecidos como: os Cavaleiros Templários. (algumas vezes chamados de : Cavaleiros de Cristo, Cavaleiros do Templo, Pobres Cavaleiros, Ordem do Templo, etc.)

Como toda Ordem Religiosa, a Regra dos Templários, criada por São Bento de Núrsia, também era baseada nos três pontos básicos das instituições religiosas da época, ou seja: castidade, pobreza e obediência.

Em geral eram originários de famílias abastadas. Mas só podia se tornar Cavaleiro propriamente dito o filho de um Nobre. Os cavaleiros tinham o direito de usar (não possuir) 3 cavalos, um escudeiro e duas tendas.

Comparativamente, um cavaleiro bem montado e equipado, treinado e seguido pelo seu séqüito de escudeiros, tinha o poder equivalente a um tanque de Guerra Contemporâneo.

Havia uma parte religiosa propriamente dita, com Padres, Capelães, Diáconos, Bispos. E por causa da bula "Omne datum optimum", também só prestavam obediência ao Grão-Mestre da Ordem e ao Papa.

Relíquias

Eram também os protetores das relíquias sagradas. As relíquias eram restos de pessoas ou coisas consideradas sagradas e capazes de realizar milagres. Uma relíquia popular naquele tempo era um pedaço de madeira da “Verdadeira Cruz” - a cruz em que Jesus foi crucificado. Outra era a cabeça de S. João Batista, que foi decapitado após ter sido enfeitiçado pela sedutora dança de Salomé.

Os povos na idade média tinham uma adoração desesperada por relíquias, que veneravam com admiração. Mas logicamente fraudes existiam. Um pândego da época disse que se e juntássemos todas as lascas de "cruzes de Cristo", haveria madeira suficiente para uma floresta inteira!

Os Templários tinham em sua posse ainda a coroa dos espinhos, tirada da cabeça de Cristo. Tiveram também o corpo da mártir Santa Eufémia de Chalcedon (julgava-se ter poderes de cura divinos), entre diversas outras relíquias.

A Ordem dos Hospitalários

A Ordem dos Hospitalários (ou Ordem de São João de Jerusalém) vem de uma tradição que começou como uma Ordem Beneditina fundada no século XI na Terra Santa, mas que rapidamente se tornaria uma Ordem militar cristã uma congregação de regra própria, encarregada de assistir e proteger os peregrinos daquela terra.

Face às derrotas e conseqüente perda desse território, a Ordem passou a operar a partir da ilha de Rodes, onde era soberana, e mais tarde desde Malta, como estado vassalo do Reino da Sicília.

Poder-se-ia afirmar que a extinção desta ordem se deu com a sua expulsão de Malta por Napoleão.

No entanto, os mesmos cavaleiros iriam instalar-se na ilha de Malta, doada por Carlos V do Sacro Império Romano-Germânico, adotando a designação de “Ordem de Malta”.

A Ordem Teutônica

Ordem Teutônica - Ordo Domus Sanctae Mariae TheutonicorumA Ordem Teutônica (Em Alemão: Deutscher Orden; Em Latim: Ordo Domus Sanctae Mariae Theutonicorum) foi uma ordem militar cruzada, vinculada à Igreja Católica por votos religiosos, formada no final do século XII em Acre, na Palestina. Usavam vestes brancas com uma cruz negra.

Após a derrota das forças cristãs no Oriente Médio, os cavaleiros mudaram-se para a Transilvânia em 1211, a convite do Rei André II da Hungria, mas foram expulsos em 1225.

Transferiram-se então para o norte da Polônia, onde criaram o Estado independente da Ordem Teutônica. A agressividade da Ordem ameaçava os países vizinhos, em especial o Reino da Polônia e o Grão-Ducado da Lituânia. Em 1410, na Batalha de Grunwald (Tannenberg), um exército combinado polaco-lituano derrotou a Ordem e pôs fim a seu poderio militar.

O poder da Ordem continuou a declinar até 1525, quando seu Grão-Mestre, Alberto de Brandemburgo, converteu-se ao luteranismo e assumiu o título e os direitos de Duque hereditário da Prússia (embrião do Reino da Prússia, catalisador do futuro Império Alemão).

O Grão-Mestrado foi então transferido para Mergentheim, de onde os Grão-Mestres continuavam a administrar as consideráveis posses da Ordem na Alemanha. Em 1809, quando Napoleão determinou a sua extinção, a Ordem perdeu as suas últimas propriedades seculares, mas logrou sobreviver até o presente. Atualmente, trabalha primordialmente com objetivos assistenciais.

Reinald de Châtillon

Não era um Cavaleiro Templário, mas mantinha afinidades com a Ordem e frequentemente participava de ações contra os muçulmanos, por quem nutria um ódio feroz e completamente irracional!

Transformou-se no principal inimigo público dos muçulmanos e um homem marcado para a morte por Saladino a partir de duas atitudes vis que tomou contra aquele povo.

Em 1182 Châtillon concebe um plano ardiloso: invadir Meca e roubar o corpo do Profeta Maomé para cobrar tributo de peregrinos que desejassem visitá-lo em sua fortaleza de Kerak.

Vencidos por tropas muçulmanas lideradas por Malik, irmão de Saladino, muitos foram feitos prisioneiros e outros escravizados.

Pouco tempo depois, liderou um ataque covarde a uma caravana muçulmana pacífica, desarmada, em peregrinação a Meca.

Tais episódios conduziram Saladino, líder dotado de elevado senso de honra e justiça a ver em Châtillon um criminoso ignominioso, sem honra ou senso de justiça, capaz das mas atrozes barbaridades movido por puro ódio.

Rei de Jerusalém - Guy de LusignanQuando já próximo da queda de Jerusalém, o sucessor de Balduíno IV, agora Rei de Jerusalém Guy de Lusignan, foi aprisionado com um grande contingente de cruzados e Saladino teve a oportunidade de retribuir por todo o mal feito pelo vilão: ofertou água de rosas com gelo trazido das montanhas ao rei de Jerusalém e este passou a taça a Châtillon.

As rígidas regras de hospitalidade muçulmana ditavam que, quem partilhasse da água, do pão ou do sal na mesma Tenda deveria ser poupado e alimentado.

Repreendido, teve a taça tomada e Saladino ofereceu a ele a possibilidade de entregar-se ao Islã a fim de ser poupado.

Châtillon, sempre arrogante, retrucou que era Saladino quem deveria entregar-se ao cristianismo a fim de evitar o fogo do inferno.

A arrogância e intolerância de Châtillon foram superiores à cortesia do grande cavalheiro que era Saladino e este lhe decepou a cabeça com um só golpe de cimitarra.

A Guerra entre a França e a Inglaterra pelo domínio de Flandres
A sede de ouro de Filipe de Valois, o Belo...

Há décadas a Inglaterra estabelecera uma “cabeça-de-ponte”, um domínio localizado sobre uma vasta e rica região da França fazendo com que o monarca mobilizasse vastos recursos para dar combate ao invasor. Após muitas derrotas humilhantes e um severo endividamento, Filipe de Valois viu-se obrigado a selar uma frágil trégua a peso de ouro.

Todos os expedientes lícitos e ilícitos por parte do Monarca foram utilizados para angariar fundos e recompor os cofres da corte francesa. Em primeiro lugar os mercadores lombardos residentes em Paris foram expropriados de seus bens através de multas, impostos, confiscos e, finalmente, foram expulsos da França! A seguir foi a vez dos judeus. Seus bens foram confiscados e também eles foram expulsos da França.

Outra medida violentamente impopular foi a desvalorização da moeda francesa em 200%! Em 1306 os franceses em geral e parisienses em particular se viram tão monstruosamente empobrecidos que se levantaram em rebelião contra Filipe de Valois e sua corte que, para resguardar suas vidas, refugiaram-se na maior fortificação Templária da cidade.

No Templo, Filipe de Valois, o Belo, vislumbrou pela vez primeira todas as riquezas daqueles outrora “Pobres Cavaleiros de Cristo” e presume-se que tenha sido desta data a sua pretensão de apoderar-se do Tesouro dos Cavaleiros Templários.

O Templo, que serviu de refúgio a um monarca antipático a seu próprio povo veio a transformar-se mais tarde em presídio para os mesmos templários que o protegeram da turba enfurecida...

Que a paz esteja com você...

BIBLIOGRAFIA:
Os Templários – Piers Paul Red
– Ed. Imago
Templários, os Cavaleiros de Deus – Edward Burman – Ed. Nova Era
O Templo e a Loja – Michael Baigent e Richard Leigh – Ed. Madras
Nascidos do Sangue – John J. Robinson – Ed. Madras
A História Secreta da Maçonaria – Charles W. Leadbeater – Ed. Madras


 
.